Eleições 2012
Quando nasci me deram nome de santo. Quando
cresci me dei um nome justo, Jack. Esparro vem dos amigos, velhos de guerra. A
vida ensina muito, e eu aprendi que posso viver intensamente e quando estiver
na pior, lanço um livro contanto minhas maluquices, vendo os direitos para o
cinema, e assim passo meus últimos anos de vida dando palestras.
Em época de eleição é um saco andar pelas ruas,
é papel que não acaba mais. O que gosto é de passar pelas placas. Olho a cara
do pilantra, dou uma risadinha e cuspo. Lembro um dia, saindo do bar, depois de
beber o dia inteiro, cansado de ir no banheiro fedido, fui na rua. Procurando
uma árvore, vi uma placa de candidato a qualquer coisa.
Veio um guardador correndo, achando que eu
mijava no carro, e quando viu que era na placa sorriu e disse, é nosso
banheiro, pode ficar à vontade.
Sábado, véspera de eleição, saímos para beber
durante o dia. Pegamos duas caixas de cerveja, a seda, e fomos pro Papa.
Sentamos à sombra, abrimos a primeira e preparamos o primeiro. Como é bom sombra
e cerveja gelada.
Ao sair da praça, fomos laricar. Bebemos e
comemos pizza mais umas duas horas. E então não poderíamos passar a noite fora,
pois em dia de eleição não pode vender álcool na rua – hipocrisia. Passamos no
supermercado, encontramos uns amigos, compramos mais cerveja e vodka e fomos
pro sítio com eles.
Minha especialidade é bolar baseado. Sou mestre nessa técnica. Fiz um cone, pegamos a estrada e tocamos pro sítio ouvindo blues.
Ao meu lado estava Su, a gatinha da turma. Ela
foi quase no meu colo, apertada no carro. Se tem uma coisa que me faz pirar, é
ver uma mulher fumando. Reparava sua tragada, ficava imaginando. Bebendo,
fumando, a gata coladinha, blues... É dura a vida do artista.
No sítio, o bicho tava quebrando. Uma banda de rock, uma galera espalhada, sentada, deitada, correndo, em roda, de tudo que é jeito.
A primeira coisa que fiz foi pegar uma lata,
tomar rumo pro banheiro pra depois curtir.
Que loucura de festa! Encontrei a Su,
cebolada, dançando como maluca. Meus parceiros de carona, todos cebolados, na
vodka com energético, saltitando. É claro que não fiquei para trás.
Tava todo mundo louco, já no meio da
madrugada, a banda para e entra um DJ fritando nossa cabeça. Cacei meu rumo
andando entre cangas com pessoas sentadas e deitadas. Tropecei numa roda e uma
voz ecoou, olha por onde anda seu maluco!
Nem quis saber, passei a andar pisando nas
pessoas, gritando, vamos todos pra frigideira, hora da fritação! Corria
gritando, vamos todos pra frigideira, hora da fritação!
Corria pela pista gritando e esbarrando nas
pessoas. Vamos todos pra frigideira, hora da fritação!
De dia, nem sei que horas, estava com uma lata
na mão, um cone na outra, voltando para a cidade para votar.
É dura a vida do artista.
3 comentários:
eu fico pensando como dá trabalho enrolar um baseado, tenho muita preguiça, prefiro não fumar...rsrsrs
que ritmo tem o seu texto!
gostei demais.
irreverente, ácido, diferente.
beijos
Lelena
Só a turma dos artistas mesmo para compreender essa filosofia de vida...
Um abraço Jack!
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