11 de mai. de 2011

171

Chegamos ao post número 171! Este número está ligado ao nosso imaginário como número de mentira. E para ser do contra eu resolvi falar a verdade justamente quando é para ser mentiroso...

“Dentro do meu peito uma vontade bigorna, um desejo martelo” (Lenine)

1 – Esses dias eu escrevi uma crônica que começa assim: A Mina do Cara queima o meu filme, eu acho. Às vezes eu penso que sim, e pouquíssimas vezes penso que não. O que me faz pensar que sim é que, na grande maioria das vezes, as histórias são narradas em primeira pessoa, e isso remete o leitor a pensar que é uma história verdadeira. O que nem sempre é verdade.

No ano passado, no dia do meu aniversário, às quatro da madruga, uma mulher me pergunta, em plena Praça do Papa: você que é o cara da Mina do Cara? Deve ter sido a primeira vez que não fiquei com vergonha de conhecer alguém que já conhecia A Mina do Cara.

É certo que escrever é uma atividade complexa. A vantagem de escrever aqui é que podemos saber a reação de quem lê – mesmo sabendo que a grande maioria dos leitores não comentam. E talvez a grande maioria acredite que são histórias verdadeiras. Para ser sincero, esse é talvez o maior elogio, o leitor acreditar que a história realmente aconteceu.


“Sete. Conta de mentiroso. Amo sete mulheres. Uma delas é preta e outra japonesa. (...) Amo mesmo. Amo qualquer mulher que vá para cama comigo. Enquanto dura o amor, amo como um doido.” (Rubem Fonseca)

7 – Este é um trecho da primeira aparição de Mandrake na literatura. Mandrake é um personagem divisor de águas na nossa literatura – isso sou eu que penso; pode não ser verdade, já que dificilmente algum livro didático/escolar dirá o mesmo. Ele é tudo que qualquer pessoa gostaria de ser. Só que isso é assunto para depois.

Pois bem, hoje é dia 11 de maio, aniversário de 86 anos do escritor Rubem Fonseca. No ano passado, neste mesmo dia, eu escrevi uma crônica sobre o escritor, o dia 11 de maio, e o que mais chamava a atenção da mídia: a escalação para a Copa. Todos deram atenção ao asno que fez com que todos os brasileiros perdessem a esperança faltando seis meses para o fim do ano.

O escritor R. Fonseca não aparece em jornais, revistas, congressos, talvez por isso não é lembrado o dia de seu aniversário pela imprensa. Os veículos de comunicação não conseguem – pelo menos eu acredito – acompanhar um escritor. As obras consagradas deste escritor são datadas de 1975 (Feliz Ano Novo), 1979 (O Cobrador), 1990 (Agosto). Depois disso os resenhistas insistem que o escritor não acerta na mão.

Eu não quero discutir isso aqui por um simples motivo: acho isso uma besteira tão grande, mas tão grande, que o livro mais instigante para mim é O Selvagem da Ópera; o mais criticado de todos. Este livro é de 1994, depois de Agosto e Romance Negro – dois livros premiados. Agosto virou clássico em menos de dez anos! A neta deste escritor leu em seu livro didático, ainda na escola, algumas notas sobre seu avô. Você já pensou nisso?


“Com dentes que mascam desejos de alforria” (Badi Assad)

1 – Voltemos a mim. Este ano, ainda no início, eu fui aprovado num concurso para ser professor municipal. Na mesma hora que recusei fui para a cachoeira aqui do lado de casa e me banhei um pouco – lavar a alma. Deixei de lado essa ideia de ser professor.

Hoje eu vivo pensando como pode alguém ser otimista. Não sou pessimista e nem acredito que vivemos o Apocalipse, apenas tenho dificuldade de acreditar em algumas crenças. Vira e mexe eu acredito apenas nas simpatias que as meninas falavam quando eu era pequeno, aquelas coisas de menina apaixonada. Eu queria acreditar só nessas coisas...

Queria acreditar no que meus olhos veem. No que eu não acredito. Queria gostar dos bons moços que falam tanto em paz, em harmonia, na busca do verdadeiro eu; e outras coisas que não consigo entender.

Às vezes eu tento ser mineiro, entender as pessoas daqui de BH; eu nasci aqui e fui para o extremo oeste do Paraná, Foz do Iguaçu; lá nós não tínhamos família, éramos nós quatro – pais e filhos – e se quiséssemos ter alguém perto seria por amizade. Talvez por isso eu estranho tanto a dificuldade – e o pouco caso – que as pessoas daqui fazem com os demais.

Tem horas que eu penso: será mesmo preciso fazer amizade com essa e aquela pessoa? É claro que eu conheci pessoas legais aqui, pessoas que é um prazer conversar – tanto virtual quanto pessoalmente. Só que alguma coisa ainda me diz: tenha calma...

Outras coisas passam pela minha cabeça, só que ficaria muito comprido e pouca gente leria até o fim. Já me falaram isso, escreva menos para ter mais leitores.

Por hoje é isso, em outra ocasião falarei mais de mim e deixarei a ficção de lado – só um pouco de lado. Amanhã começarei a ler Machado de Assis, já que hoje é dia de Rubem Fonseca.

PS: Escrevo ouvindo a ópera O Guarani – que conheci do livro O Selvagem da Ópera – e com a Lara dormindo, aqui nos meus pés.

Lara quando chegou...



10 comentários:

2edoissao5 disse...

eu lembrei dele, está lá no blog…viu?


ps. o dia do post com raiva se aproxima!

PURAPOESIA disse...

A Lara é linda, sabe, Márcio, não é mesmo fácil ser professor, menos ainda esperar a mídia divulgar aniversário de Rubem Fonseca, mas o que masi me incomoda é: escreva menos para ter mais leitores. OK, temos mesmo pouco tempo, mas as pessoas perdem muito facilmente a paciencia para ler... Enfim, adorei a postagem. Desabafo feito, parabéns pelo número 171. Bjns
Miriam

Misael disse...

Existe ordem ou razao para escalar uma selecao de um pais???
Se for no caso do Brasil, com certeza nao!! O Dunga foi um asno mesmo...kkkkk!

Anônimo disse...

Mina: A Escrita pode ser real ou inventada, sabes que os poetas e os escritores de Romances escrevem aquilo que não existe, mas que eles imaginam.
Um abraço
Santa Cruz

Hotel Crônica disse...

Curti o texto,
só pegou meio pesado dizendo que o Mandrake é um divisor de águas na literatura, né camarada? Ele pode até ser um divisor de águas na sua vida, pelo apreço que você tem ao personagem...
Na literatura foi exagero...

Unknown disse...

Long, que beleza, eu vi lá...
beijos.

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Misael, com certeza!
abraço

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MGomes, é isso mesmo. um abraço amigo.

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Hotel, é preciso conhecer a literatura e seus personagens. Acho que esqueci de escrever que é na lite. brasileira, mas mesmo assim o Mandrake é um personagem divisor de águas também.
Ou qual outro seria?
abraço

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Miriam, você comentou só que deu algum problema que saiu daqui o comentário. Na minha família também tem professores; eu sei que é preciso valorizar o professor e melhorar algumas questões educacionais.
Eu deicidi que não quero mesmo ser professor de escola. Agora, eu espero que os professores tenham o valor merecido.
um beijo.

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e você que leu e não comentou, uma coisa só eu digo hoje: A Mina do Cara te ama!

O Hospicio... disse...

iuhuu passando pra deixa meu bjo pra mina e eu abraço pro cara.. bjos!

Unknown disse...

ELA, valeu!
beijos e volte sempre.
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Hospício, obrigado e outros pra você também.
beijos.

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E um beijo e um abraço especial pra você que comentou mas o blogger estava fora do ar e não postou o comentário.

Lembre-se, A Mina do Cara te ama!

Andréa Franco disse...

na boa, escreva menos pra ter mais leitores? sério? eu fiquei com vontade de ler mais. gosto das coisas da mina do cara, e tb do cara por trás da mina ;)

Unknown disse...

Pois é Dea, às vezes escrever pouco dá mais leitores, mas mesmo assim eu continuo escrevendo bastante...

beijos e valeu!!!


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E pra você que leu e não comentou, um beijo, um abraço, e um convite a passar uma bela tarde na praça, numa boa, em boa companhia...

A Mina do Cara te ama!