Era dia 09/02/1989 e eu saía do avião em Foz do Iguaçu, com a família. Era um bafo forte, quentíssimo. Era assim que a cidade nos dava boas vindas.
Era dia 09/02/2007 e eu saía de Foz para voltar a Belo Horizonte, com meus pais; o irmão ficou.
Cheguei menino, com sonhos, e saí com o sonho do casamento, da vida adulta séria e responsável. Foz é isso, o sonho em pensamento, na mesma velocidade que você não consegue observar o que parece claro.
Voltar para rever amigos é uma beleza. Rever a cidade, as pessoas, os costumes, tudo o que faz desta cidade atípica. Veja bem, a primeira refeição foi um sanduíche árabe – isso que já havia passado pela Argentina, que estava sem eletricidade.
A cada esquina uma lembrança, a cada lembrança uma reação, e na maioria das vezes cenas, casos, trilhas sonoras. Eu sempre tenho uma trilha sonora, e faço questão de levá-la. A música que mais cantarolei foi Mormaço, da Nação Zumbi: “a vida aqui ainda é dura”.
Para turistas essa cidade não é nada de mais, com certeza. Não é fácil compreender a complexidade do que acontece numa cidade tão pacata, a esses olhos. Enquanto pensa que nada acontece, ali está um grupo suspeito. Uma noite, voltando do centro pela JK, passamos por um acerto; confirmamos quando estávamos perto do viaduto e os policias, voando, entraram na direção do Jupira. Só se eu fosse bobo pensaria outra coisa.
E também toda hora me vem a música “O que sobrou do céu”, realmente Foz é uma cidade que tem céu. E o pôr do sol mais bonito que já vi – ganha do Topo do Mundo por dois motivos, na minha opinião. Primeiro, é vermelho fogo. E segundo, se põe no país vizinho. Pense que legal, um céu limpo, vários tons de vermelho, o sol se pondo no país vizinho.
Falando em beleza não poderia deixar de fora as Cataratas. Ali é o ponto que faço questão de visitar. Toda vez é como se fosse a primeira, olho admirado para aquelas águas, aquelas correntes, as pedras, as quedas, as aranhas em suas teias, os quatis, enfim, todo o cenário vale por muito mais que compras no Paraguai – pelo menos para alguns.
Não pense que não gosto de ir ao Paraguai, na verdade eu gosto muito de ir lá. Aquela bagunça deles, as ruelas, os becos, tudo ali me fascina. Desde menino eu achava o máximo atravessar por aqueles becos sujos, fedidos, com pessoas amontoadas; o cheiro de couro me enjoava muito. E continua a mesma coisa, os comelôs seguindo e oferecendo: amigo, eletrônicos, camisinha musical, perfume, bagulho, pó, haxixe, lança perfume. Isso é a maioria das coisas que ouço lá.
Acho que a palavra que mais falei até hoje em Ciudad del Est é “não”. Toda a hora tem alguém oferecendo alguma coisa. As mais diversas coisas possíveis e impossíveis são oferecidas pelas ruas do Paraguai. Pensei em fazer uma Arte de andar nas ruas do Paraguai.
Esse meu olhar para o Paraguai é somente para a região comercial dessa cidade de fronteira. E meu olhar para as vendedoras estará em “As mulheres paraguaias” – fui obrigado a pensar isso durante as compras, elas merecem estar na série.
Voltando a Foz. Muitas pessoas me perguntaram por onde estou, como está a vida; é bom ver pessoas que gostam de nos ver, receber elogios sinceros, elogiar quando preciso.
Tô com a síndrome do Fiquei-pra-titio. Feliz em ver meu irmão e sua esposa em casa, feliz em ver amigos casados e solteiros, andando para frente – mesmo que um ou outro mais lento; também não sou dos mais rápidos. E feliz principalmente por sair daqui com a consciência de que foi bom ter ido embora pra BH. Foz nunca sairá de dentro de mim.
Levando comigo mais exemplares da revista “A vida de quem não morre”, com meus textos publicados. Levando minha trilha sonora, um presentinho simples, meu sorriso e meus sonhos; o resto lá tem também.
E quando eu estiver na pista, pronto para entrar no avião, com aquele bafo quente, minha cabeça estará a mil, meus olhos vermelhos cobertos pelo óculos, as lembranças com certeza viajarão comigo – sou péssimo para despedidas.
11 comentários:
Quando li, sairem dos meus olhos lágrimas sutis e inexplicáveis. Sem motivo talvez, mas foi assim que aconteceu. Bem vindo a BH. Alguns beijos .
cuidado! ficar pra tio em homem é coisa de ...( até rima!) rsrsrsrs
a foto me lembra a sliueta que tive um dia...rs
Não tenha um gato!
Amei esse lugar! Me diverti!
Sigo!
Bjs
Olá: Gostei do teu texto, mas vou dizer-te uma coisa ficar para titio acho que não deves fazer isso ai no teu Brasil há muitas mulheres e lindas, tenho uma nora que é do Recife, mas neste momento encontra-se na Baía de ferias.
Numa casa de Familia.
Um abraço
Santa Cruz
Vanessa, obrigado pelas boas vindas.
outros beijos
__
Long, isso é pra ver se arrumo uma namorada, pra te falar a verdade...
beijos
__
Cris, eu estive aí e não nos vimos né... eu assumo a culpa... (fiquei com vergonha que esqueci de levar o doce de leite pras meninas...)
beijos
__
Vanessa, que bom! tem que ver meu sorriso...
um beijo
__
MGomes, será que rola???
um abraço
______
E pra você que leu e não comentou (ainda), falo uma coisa só: A Mina do Cara te ama!
Viagem bem aproveitada. Não tem coisa melhor que rever amigos. Já fui ao Paraguai, mas não deu tempo de conhecer Foz, queria muito.
Meu beijooO*
Gostei dessa parte "Para turistas essa cidade não é nada de mais, com certeza. Não é fácil compreender a complexidade do que acontece numa cidade tão pacata, a esses olhos." com certeza.... só quem já morou em Foz sabe como é. NOSTALGIA PURA! abraço
BAIANA FICOU MARA NA FOTO, ELA E LINDA
Cara, espero um dia poder ter esse olhar sobre minha cidade depois de ter ido embora.
É poético.
Um beijo pra ti.
Valéria, um dia vá, e se for me diga que indico alguns lugares legais. ok?
um beijo
__
Pau Mole, cê tá aprendendo comigo, não?
A Mina do Cara!
abraço
__
Nat, concordo em gênero e número!
um beijo
__
Alline, eu também, já que tem uma bela escrita e com certeza sairia uma linda crônica.
um beijo
__
E pra você que leu e não comentou, só digo mais uma coisa, A Mina do Cara te ama - hoje mais do que nunca!
Postar um comentário