8 de fev. de 2010

De volta ao ponto

Desde que me mudei para Belo Horizonte frequento o ponto de ônibus da Praça da Liberdade sentido Savassi. Na parte sentido centro mais desembarco. Lá não tenho histórias.
Hoje, depois de muitos dias, voltei a ser um frequentador do ponto. Lá passei por algumas boas histórias, outras curiosas. Algumas que parecem mentiras,  mas que no fundo não são.
Quase todas as vezes que estou no ponto é à noite, e por isso procuro sentar o mais próximo do raio de luz possível. Às vezes não consigo, então tenho que me curvar muito para ler. Este é o ponto chave: a leitura.
Eu passo pelo menos uns 40 minutos, isso quando estou com sorte. Cheguei a passar uma hora e pouco já. A sorte é que carrego meu livro.

Uma vez uma mulher, que sempre estava lá na mesma hora que eu me disse: "Sabe aquela minha amiga que está sempre aqui comigo? Pode dizer a ela que eu fui de carona? Obrigada."
Teve uma vez que vi um casal discutindo a relação; ela mais dura que ele. E na semana seguinte os dois numa boa, aos beijos. E depois de umas três semanas estavam lá, brigando no ponto. Não sei o que deu deles; ela é linda.
Meus amigos sabem que tem uma certa "ruivinha" naquele ponto à noite. Já ouviram muito sobre ela, e ninguém havia visto. Até que um dia minha amiga Adriana - que é minha companheira de ponto - viu e não aprovou meu gosto. Tudo bem. As duas são lindas!
Emprestei dinheiro para uma universitária um dia. Ela estava falando no celular com o pai, e eu achei que não precisava o pai sair de casa para buscá-la no ponto; já eram onze horas, com certeza. Resultado: ela pegou o dinheiro, não me pagou, e nos vimos outras vezes no ponto, mas ela não falou comigo uma única vez sequer.
Já vi um camarada bêbado passar e ameaçar a todos com uma faca. E quando ele viu que ninguém deu bola, virou as costas e foi embora. E nisso uma mulher fala: "dor de corno, com certeza é corno"!
Certo dia comprei uma flauta de cano de pvc ali do lado do ponto. Flautinha afinada e tudo. Aprendi a tocar uns trechinhos de música nela. Nada de mais. E nada que compare ao flautista da praça - aquele sujeito que todas as noites está ali na Praça da Liberdade tocando flauta sozinho e para todos. Uma vez pedi uma música e ele disse que não sabia tocá-la. Eu sabia que era mentira, mas respeitei sua vontade.
Passei algumas histórias no ponto, e pretendo passar outras tantas. Agora, o que eu vivi de histórias lendo ali no ponto não está no gibi. Foram muitos livros lidos. Com certeza eu mais li do que conversei no ponto.
Ainda bem.

5 comentários:

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

rotina, rotina, todos os dias eu viajo pego um onibus e na Br 324 perto de Salvador eu nem preciso mais levantar a mão para os onibus que vão para Santo Amaro...ficamos intimos até do que não conhecemos...

Guma disse...

Eu gosto demais apreciar o que me rodeia e faz parte dos meus 80 minutos de utilização de comboio para ir e voltar do trabalho. Minha pequena contribuição para o ambiente, não utilizando a minha viatura.
Acontecem todos os dias histórias interessantes outras nem por isso, mas são histórias vividas como essa e a verdade é que à sempre algo a quebrar a rotina.
Envio meu kandando e um óptimo Carnaval.

Regina Rozenbaum disse...

Oiiii
Obrigada pela visita...vim cá te conhecer e leio crônicas bacanérrimas. Além disso já vejo um dos meus amados aqui: Kimbanda. Então mora em BH tb...devo já ter visto vc no ponto do ônibus, passo sempre por lá...da próxima dou uma carona rsrs mas nem sei seu nome rsrs vou ter que arriscar.
Beijuuss n.c.
Regina
www.toforatodentro.blogspot.com

Leila-Silveira.blogspot.com disse...

que delícia teu blog.


palavras interresantes que jogam
com vivacidade e brilho.

bjs

Anônimo disse...

Gostei de como vc escreve. Goastei das conclusões, muito tuas.
Concordo que foi melhor ler mais do que conversar....
Mas apreciar é bom!