28 de fev. de 2013

Rebeldes sem acentos

A meninada hoje faz questão de escrever de acordo com o internetês. Para quem não sabe, essa é a língua da internet.

Alguns dizem que essa linguagem é errada, feia, e é utilizada para esconder os erros de grafia. No outro lado estão aqueles que estudam essa questão e provam que é considerada uma linguagem com suas formas e sinais característicos.

Pessoas de todas as idades fazem uso dessa forma de comunicação. Não direi que não faço, pois não escrevo mensagem de celular com todas as letras e acentos devidos. Também faço parte do grupo que escreve em internetês – no devido contexto.

Agora, como professor de língua portuguesa, tenho algumas observações a fazer. Primeiro, os jovens, na escola, utilizam o internetês como forma de rebeldia. Eles dizem que não gostam de acentuar palavras, não é necessário utilizar acento gráfico. E o argumento deles é que no inglês não precisa de acento.

A língua inglesa é referência para todos. A cultura estadonidense é referência de tudo, e para todos. Não é comum encontrar fãs de artistas brasileiros. Agora, americanos e ingleses fazem a cabeça dos jovens.

Adentrando no universo teen percebemos como é vazio o conteúdo que eles absorvem. São inundados por aplicativos, saites, aparelhos eletrônicos que em nada acrescentam. Jogos que crianças de cinco ou seis anos conseguem brincar fazem a cabeça dos de quinze. A lei do menor esforço.

Só não é unânime achar livros uma chatice porque de vez em quando alguém não torce o nariz ao ouvir a pergunta: o que você está lendo?

Ler livros parece coisa de outro mundo, para a maioria. Mesmo que seja em leitores digitais, isso não passa pela cabeça da moçada. E as razões nós não sabemos – nós suspeitamos. Minha suspeita é que os jovens não acreditam que há interação entre a pessoa e o livro.

A grande rebeldia desses jovens, que daqui a alguns anos serão os responsáveis pelo país, é não acentuar as palavras, não escrever corretamente as palavras. 

Tantas coisas acontecendo, tantos livros sendo publicados, e esses jovens juram que ler é chato, é tedioso.

Rebeldes. Rebeldes sem acento.

3 comentários:

Helena Rodrigues disse...

Acho que estou ficando velha mesmo, afinal, acho essa linguagem, muitas vezes, indecifrável! ;)

Beijos!

Unknown disse...

Helena, não é só você...
um beijo

__

E você, também escreve assim? Assim como?

A Mina do Cara te ama!

O Neto do Herculano disse...

Pior do que escrever assim,
realmente, é não ler.