Ela chegou e disse, vai passar a semana na casa do Peterson, não é lá que você gosta de ficar? Então, vai...
Na mesma hora arrumei minhas coisas, três camisas, quatro cuecas, três pares de meia, uma calça, o violão e fui passar sete dias no exílio. Sete dias de férias.
E você sabe de uma coisa, até que é bom tirar férias da esposa. Tem hora que frita.
O problema é um momento como esse, estou aqui, chapado, com o violão, um papel amassado e um lápis quase sem ponta. Já escrevi um poema pra ela e agora estou tentando musicar.
Você vai me dar razão, escuta só. Um dia eu estava lavando a louça depois do almoço. Ela olhando e eu lavando. Ela decidiu tomar sorvete. Tudo bem, ela pegou o pote e serviu sorvete. E eu lavando a louça. Ela serviu para ela e para mim.
Faltava apenas uma panela quando ela despejou na pia o pote e a colher. Tudo bem, lavei. Ao terminar de lavar a louça, viro para pegar sorvete e o que vejo?
Ela tomando o meu sorvete e falando, com a boca meio cheia, uai amor, você demorou...
Eu sou bem tranquilo, não brigo à toa. Acho que nem ela, na real. Eu já nem sei mais de nada, tô muito doido pra pensar essas coisas. Amanhã acaba minhas cuecas limpas. E aí?
Será que volto e peço desculpas, mesmo não sendo culpado de nada.
O pior não é isso. Eu podia estar lá deitado com ela mas não, estou aqui nesse colchão no frio, um frio danado, ouvindo o ronco do Peter.
Agora não é hora de pensar nisso, tenho que me concentrar no caso das cuecas. Só uma cueca limpa e mais três dias.
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