"Ô pai, puta reza?"
"Ué filho, não sei. Por quê?"
"Tava pensando..."
"Em quê?"
"Eu sempre vejo as putas nas ruas e não são como aquelas da tevê."
"E o que isso tem a ver?"
"Na tevê elas são gostosas, têm cara sexy."
"E nas ruas não?"
"Não! Na rua elas têm cara de sofrimento, dúvida, são feias, gordas."
"E na tevê não?"
"Não. Nunca viu na tevê?"
"Pô filho... não vejo isso na tevê."
"Mas nunca viu?"
"Tá bom... já."
"Então! Na rua nós vemos putas rindo, comendo, arrumando clientes. Então pensei se puta reza."
"De onde essa curiosidade?"
"Já falei, pai. Acho que vou seguir uma pra ver se ela vai à igreja."
"E se descobrir que vai?"
"Não sei. Deve ser estranho."
"Por que estranho? Elas têm o direito de rezar e ter fé também. Como todos trabalhadores."
"Mas puta é trabalhadora?"
"Filho, claro que é."
"E porque não tem carteira assinada?"
"Política."
"Imagina, pai, que legal se puta desse recibo..."
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