31 de mai. de 2010

Foi mais que um prazer

Toda vez que vou ao Rio falo a mesma coisa, tenho que morar lá. E dessa vez não foi diferente. Minha ida era para o evento do centenário de nascimento do criador do Krav Maga, Imi Lichtenfeld. Um mega evento reunindo as maiores autoridades que são pessoas que teinaram diretamente com o criador. Foi um evento fora do comum, com direito a entrar para a História como o primeiro, e também com direito a entrar no livro dos recordes. (Vale a pena conhecer sobre o Krav Maga.) 

Logo na saída de Belo Horizonte eu vivi um momento de euforia misturado com tristeza aguda. (Não precisa pensar que isso pode ser síndrome psiquiátrica, logo vai me entender.) Tem uma mulher que treina que todos os dias quando a vejo eu sonho com ela. Acho linda demais! E ela estava ali, junto com todos esperando pelo ônibus. E eu ali, só de olho.

Chegaram os dois ônibus e eu pensei, vou esperar para entrar no dela. Foda-se a lista! Fiquei ali de bobeira esperando e nada. E nada... Meu nome não estava em nenhuma das duas listas, e eu gostei, já que poderia ir para o ônibus dela numa boa. Fiquei por ali escutando e olhando até descobrir que ela não iria ao Rio.

Estavam todos dentro do ônibus, menos eu e ela. Ela estava na calçada vendo o irmão dentro do ônibus, e eu na porta, não acreditando no que acontecia. Nós dois parecíamos dois amantes que não queriam ser separados. Um olhava para o outro louco querendo dizer, vamos!, ou ela, "fica!".

Entrei no ônibus tão triste, mas tão triste, que nem escutar música eu queria, pois assim ficava lembrando dela. (E olha que eu tenho uma experiência de despedidas em porta ônibus que deixaria qualquer um com inveja!) Eu li a viagem inteira, não fiz outra coisa. Era a solução para não pensar nela.

Chegando ao Rio fomos direto para o clube israelense da cidade. E lá eu encontrei um amigo que não via há uns 10 ou 12 anos. Um amigo de Foz do Iguaçu, o Léo. Conversamos um tempão e depois fui para a casa de um outro amigo de Foz que mora no Rio, o Lucas. E foi na casa dele que a história muda.

Fui muito bem recebido na casa do Lucas, e lá conheci o broder Leo. Conversamos um tempão, demos umas voltas pelo Leblon, na beira da praia e no meio dos prédios também. Isso já era meia noite e eu querendo acordar umas 5 da matina para passear pelo Leblon antres do sol nascer, como o Rubem Fonseca.

Sábado pela manhã eu estava na praia andando, as 7h. Andei do Leblon até o Arpoador, e só não andei Copacabana inteira porque ia me atrasar para o treino, que começaria as  8h.

Depois de pegar uma praia e almoçar fomos esperar pela Manu, irmã do Leo - ela queria fazer uma tattoo com o Lucas. E foi aí que minha vida mudou. (profundo e dramático!)

Não me lembro quando foi a última vez em que eu senti tanto prazer em conhecer uma pessoa. Nós passamos a tarde inteira rindo, comendo, conversando; nem tudo podemos falar. E ela foi para fazer uma tattoo, e tatuar dói demais! E nós ficamos rindo numa boa, batendo papo e nem vimos o dia passar. E eu que odeio ficar dentro de um apê fiquei numa boa, feliz da vida.

Além de linda, Manu era simpática, agradável, sorridente, engraçada. Eu tinha que ir para Botofogo, para de lá ir para a Barra, na arena onde teve o Pan. É claro que eu não fui. Fiquei lá com a Manu e o Lucas, curtindo a tarde - dentro do apê.

Depois que ela terminou a tattoo e nós fomos pegar ônibus foi maravilhoso. Ficamos na beira mar, com lua cheia esperando o ônibus e rindo, conversando, rindo. Parecia que nos conhecíamos há tempo; ou, o mais provável, que podíamos ser o que somos, pois não nos veríamos mais. Na beira mar, esperando o ônibus com a lua cheia de fundo, que cenário! O ônibus veio e virou na esquina antes de onde estávmos. Ficamos!

Fomos ao ponto certo e entramos no 175 (lembra aquela música do Grabriel?). Andamos pelo elevado sob a lua cheia e o mar. Coisa linda! Eu e Manu, ali, passeando de busão e achando a coisa mais maravilhosa do mundo. Falamos de tudo, até em quem vamos votar. Foi a pessoa mais maravilhosa que conheci nos últimos anos, com certeza.

Eu contei isso a umas pessoas e todas perguntaram, beijou?, pegou?, ficou?, comeu?

Nenhuma dessas. O que passei com ela ali, o que conversamos, o que eu aprendi com a Manu ("Manuela é quando alguém dá esporro") não está no gibi.

Fui pensando na Nat (do Krav Maga) e voltei pensando em Manu, do Rio.

No Rio eu fiquei muito perto de ver o escritor que mais leio, mais gosto, mais adimiro e não o vi. Na saída de BH fiquei perto de viajar ao lado da mina que eu sonho com ela, mas não deu. E no Rio eu me despedi da Manu no ponto de ônibus com um abraço e um beijo no rosto. E ela me disse: foi um prazer!

"Manu, foi mais que um prazer!" Ela foi rindo, linda!

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Prometi mandar uma foto a Manu para ela querer visitar Minas. Então tá aí, uma foto do Topo do Mundo, aqui pertinho de casa.

12 comentários:

Sylvio de Alencar. disse...

Humm... Vc tem um texto coloquial muito bom, professor!
Até parece eu falando (escrevendo, né!)...
Eu, quando me apaixono assim por uma desconhecida (faz tempo que não rola, mas, já rolou!), vou até as últimas consequências: eu teria conhecido o irmão da gatenha que foi no ônibus contigo. Ponto. E mais não digo, por ser desnescessário.

Krav Maga, vou ler sobre.

Cê gosta do coroa, hein?

Pô, sou mó chegado nuam história de amor..., curto pra carai!
Nem sei como vc não deu uma beijoquinha básica na Manu! Dá licença, viu! Ninguém merece!
Se vc continuar assim tão... platônico, vai ser difícil acompanhá-lo...: não beija as mina, e não responde aos nossos comntarios aqui... Tá danado!

Tsk, tudo bem vai, tá perdoado (por enquanto). A história valeu: emocionante, romântica...(embora um pouco aguadinha em termos de sexo).
No fundo o que vale (e valeu!), foram os sentimentos vividos (uma lembrança que já se tornou indelével em seu cortação).

Falou brother.
Vê se vai lá comentar no meu blog os vários posts que coloquei semana passada.
(Ou vai ou peço prumas minas que conheço, e que frequentam suas paginas, para sumirem daqui!).

Abração.

Patrícia Castro disse...

Que bonitinho! Tão sensível!

Luna Sanchez disse...

Interessante : esse post parece "deslocado" do contexto, mas, apesar disso, é tão agradável de ler!

Coisa boa é conhecer gente que parece já fazer parte da gente. Vivi isso algumas vezes.

Beijo, beijo.

ℓυηα

Valéria lima disse...

Gostei de saber dessa sua viagem, eu adorei quando fui ao Rio e conheci a noite carioca, o dialeto próprio das favelas multicoloridas. O máximo.

BeijooO'

Eraldo Paulino disse...

É sempre bom poder contar com parte da gente conectada por outros canais...
Bem profundo teu post...

Bjs de quem gostou da mina do cara e não tem vergonha de admitir!

B. disse...

Adoravel.
Você, a tua escrita e o lugar da foto.

: )

Paz.

Hotel Crônica disse...

Muito bom o texto... fiquei a imaginar a orla de ipanema, lua cheia, o cenário ficou muito vivo no texto...

Quanto a Manu, concordo com a forma como você agiu...
Muitas vezes você vive uma coisa muito mais intensa com uma garota sem beijar nem rolar nada.

Já fiquei conversando com uma mina uma noite inteira e nunca me esqueci dela enquanto várias que eu beijei não tiverem nem metade da sensação.

Não é nenhum argumento a liga anti-beijo, muito belo contrário.
É só que às vezes só de estar ao lado de uma pessoa já é especial...

Anônimo disse...

Admiro sua fragilidade em variar momentaneamente de sentimento.
A cada dia, até mesmo por intervalo de horas, seria “mais” alguma de suas conquistas ou um amor irreal? Quem sabe paixão platônica?
Mostra-se romântico e apaixonado, e ao mesmo tempo expõe-se um daqueles caras canalhas.
Não rolou de viajar com a mulher dos seus sonhos e, “com certeza” já encontrou a pessoa mais maravilhosa que conheceu nos últimos anos?
Romântico ou conquistador?
Canalha ou sortudo?
Você deveria perceber o quanto as pessoas especiais e maravilhosas que conhecemos devem ser tão quanto às que surgiram na nossa vida. Principalmente tratando-se de mulher.
Os grandes conquistadores, que na maioria das vezes são os tais canalhas disfarçados em românticos, sabem que as mulheres são como pedras preciosas. Inigualáveis e cada uma com seu brilho privilegiado, especial, particular e único.
Já li numa crônica aqui, “de segunda” algo do tipo: “durante cinco anos e onze meses, namorei uma mulher”...
E pensei. Será que ele realmente julga o amor tão faceto?
Ao ponto de ter (con)vivido e amado uma mulher a tanto tempo, e a que levou apenas uma tarde rindo, comendo, conversando sem mesmo beijá-la (que julgo um dos gestos mais sincero de amor) fez esquecer quando foi a última vez em que sentiu tanto prazer em conhecer uma pessoa?
Afinal, namorar tanto tempo, no mínimo seria um amor surgido pelo encanto de uma pessoa que naquele momento a julgou maravilhosa.
Ou seria grande dissimulação de sentimentos?
Imagine sua ex lendo seu blog. Será que ela sentiria uma facada em seu peito?
Mas se realmente foi(foram) dissimulado(s), continue sendo. Aperte o “foda-se” e seja feliz.
Têm também as outras que surgiram na sua vida. Será que um dia alguma delas foi maravilhosa até conhecer “a próxima” maravilhosa? Ah, ia me esquecendo da mulher dos seus sonhos. Ela continua nos seus sonhos?
Deve ser tão fácil entrar e sair dos seus longos devaneios.
O Rio de Janeiro com certeza deve estar cada vez mais lindo.
Descobri que o Krav Maga é uma das defesas pessoais mais interessantes que pode haver.
E que se coração é um tanto sarcástico.
Mas, quem sabe essa paixão platônica se torne real?
Além de poder rir dos comentários alheios, poderá provar que nem sempre a vida é como sonhamos e sim como desejamos que ela seja.
Boa sorte “cara”, até “a próxima maravilhosa”.
É claro.

Gisele Freire disse...

Bela crônica, gostei!
bj
Gi

Te agradeço o selinho, vou guardá-lo no coração, mas não levo :)

...quem é teu escritor favorito, é o Rubem Fonseca?

Cristina Maria disse...

Muito legal...holyday, entenda-se não a tradução, literalmente um dia sagrado, perfeito, não um feriado apenas, sempre me levando a mundos que eu tenho todo prazer em conhecer.
Se me permite também gostaria de fazer a indicação de um blog e sua última crônica sobre o cotidiano louco e irônico, e também lembrei de uma crônica sua sobre o ponto de ônibus, bem...segue o link:

http://sirdarkheart.blogspot.com/2010/06/cronicas-de-ponto-de-onibus.html

boa leitura!

Sylvio de Alencar. disse...

Uma croniquinha de vez em quando (como aquela do ponto de ônibus), vem sempre bem; sublinho o fato de que nela vc 'se sai bem'. me parece que vc tem 'subsídios' suficiente para escrever 'cronicas' num estilo coloquial, coisa que vc já fez aqui e resultou em um interessante colóquio.

Abrçs.

(Agora, nem volto mais pra saber se respondeu. Venho, comento, e me vou. De boa)

Manuela disse...

só posso dizer uma coisa!
OBRIGADA!

ps: queria ter lido esse post antes!

bjs